Percurso

Vestígios diversos em tempos plurais: museus das Baixadas Litorâneas

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O Percurso

A região foi fartamente habitada por grupos indígenas, entre eles, os tamoios e os goitacases

Em tempos remotos, a região foi fartamente habitada por grupos indígenas, entre eles, os tamoios e os goitacases. Os primeiros fixaram-se na região onde hoje se situam Cabo Frio, Arraial do Cabo e Armação de Búzios. Já os goitacases ocupavam as terras ao norte, onde hoje encontra-se Rio das Ostras. Muitas outras etnias circulavam pela região, interagindo com uma natureza tropical es-pecialmente pródiga em espécies animais e vegetais, sobretudo pescados e árvores frutíferas.

Há registros de desembarque de expedições europeias durante o século XVI, entre as quais, a famosa expedição de Américo Vespúcio. Destacavam-se a facilidade de atracação dos barcos na Baía Formosa e a abundância de recursos naturais, como o pau-brasil. O potencial econômico e a presença do colonizador foram os prin-cipais motivos para o rápido desaparecimento da população indí-gena que ali vivia e que ou foi dizimada ou foi incorporada pela nova sociedade que ali se implantou.

De lá, seguimos para o Museu Imperial, importante símbolo da cidade e um dos museus mais visitados do Brasil. O museu trata da vida imperial e desse passado cheio de símbolos reais, coroas, roupas, pinturas, louças, prataria.

Há registros de desembarque de expedições europeias durante o século XVI, entre as quais, a famosa expedição de Américo Vespúcio

Assim, alguns museus nesta região destacam-se por apresentarem alguns vestígios de formas muito diferentes de ocupação da terra e de modos devida.

Este é o caso do Museu Arqueológico de Araruama, localizado na Rodovia 124 que faz a ligação entre o Rio de Janeiro e diversas cidades da região. Nesse museu, as exposições demonstram grande ecletismo. Numa parte, são apresentados testemunhos da passagem dos povos indígenas naquele território.

Há muitos vestígios históricos no Vale do Café. A cidade de Vassouras concentra significativo patrimônio: além dos grandes casarões, o Museu Casa da Hera destaca-se na sua paisagem. A visita a esse museu, antigo local de moradia de uma das mulheres mais ricas e avançadas do Império, Eufrásia Teixeira Leite, é uma rara oportunidade para conhecer de perto vestígios da intimidade da vida dos barões e baronesas do café, por meio dos mais de três mil objetos expostos que pertenceram à família Teixeira Leite.

Percorrendo a casa de Eufrásia, personagem singular em uma sociedade que não reservava às mulheres um papel de protagonismo, aprendemos um pouco sobre a sociedade da época e, em particular, sobre essa mulher que rompeu barreiras e notabilizou-se por grande tino comercial, chegando a multiplicar sua fortuna em investimentos financeiros na Europa.

Mas, e as memórias dos escravos? Onde habitam, em Vassouras, os vestígios da imensa população negra que povoou o Vale do Café no século XIX? Um desses lugares é o Memorial Manuel Congo, erigido no local onde o líder quilombola Manuel Congo foi enforcado por aqueles que faziam a repressão às revoltas dos escravos. O Memorial é muito simples, mas impactante em virtude de seu grande potencial evocativo da memória da escravidão, por tantas vezes silenciada na História do Brasil. Em seu entorno, em algumas ocasiões, abre-se a roda para manifestações da cultura afro-brasileira, valorizando o patrimônio imaterial dos atuais descendentes dos antigos trabalhadores do café.

A partir de pesquisas do Departamento de Arqueologia do Museu Nacional, são focalizados vestígios arqueológicos de três grupos: os povos sambaquieiros, os goitacases e os tupinambás. Já em outra parte da exposição, são destacadas marcas da presença do colonizador europeu e dos povos africanos escravizados. O próprio prédio, construído por um comerciante português em 1862, era a sede de uma fazenda cujo principal negócio girava em torno do tráfico de escravos, mesmo após a proibição do comércio internacional de escravos (1850). Casa grande e senzala estão ali preservadas, evocando memórias subterrâneas de tempos pouco glamourosos.

Chegando a Cabo Frio, deparamo-nos com o Museu de Arte Reli-giosa Tradicional, notável testemunho das transformações pelas quais passou a região já sob a ocupação portuguesa. Localizado num antigo convento de frades franciscanos, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, cuja pedra basilar foi lançada em 1686, a ins-tituição dialoga fortemente com a cidade e seu entorno, sediando manifestações de artistas e produtores culturais e atuando em festas tradicionais, especialmente as de caráter religioso.

Em Arraial do Cabo, cidade vizinha a Cabo Frio, o Museu Ocea-nográfico do Instituto de Estudos do Mar Paulo Moreira é dedicado ao universo do oceano e seus múltiplos elementos. Um simulador de ondas reproduz o fenômeno de modo didático para o visitante.

Já ao norte da região, em Rio das Ostras, a descoberta de ossadas de indivíduos sambaquieiros, durante uma escavação, levou à criação do Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba. Trata-se de um dos poucos museus de arqueologia in situ do Brasil, ou seja, onde o material é exposto da forma como foi encontrado. As ossadas eram de indivíduos de grupos sambaquieiros que ocuparam a região do litoral fluminense há mais de sete mil anos. Ou seja, esse museu apresenta instigante material de uma das mais remotas ocupações populacionais de que se tem notícia.

Grupos sambaquieiros ocuparam a região do litoral fluminense há mais de sete mil anos

O Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba divide espaço com a Casa de Cultura Bento da Costa Júnior, local onde residiu uma família de riostrenses. Seus pertences estão ali expostos, tais como mobiliário, quadros, utensílios domésticos. Curiosamente, a edificação foi construída sobre os vestígios de um sambaqui que ali permaneceu encoberto por milhares de anos.

Embora pequenos, os museus desta região parecem revelar muitas memórias encobertas e que hoje se abrem para visitação e pesquisa. Vale a pena se deixar levar.

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